quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Rodger Rogério: música de qualidade está fora da programação das grandes emissoras de rádio e tv

         "A música de qualidade está fora da programação das grandes emissoras" (de rádio e televisão). A declaração é do cantor e compositor Rodger Rogério em entrevista concedida ao blog Coluna da Hora. Para Rodger, "a música brasileira nunca perdeu a qualidade. Em qualquer pedaço deste chão tem sempre alguém que canta, com talento, seu tempo, seu amor, sua gente             ou seu lugar. A baixa qualidade é da programação das emissoras de rádio e televisão.
          Rodger Rogério se apresentará neste sábado, a partir das 10 horas, no evento Anistia - 15 anos - Tempo de Lutas e Desafios, em comemoração aos 15 anos da Associação 64/68 Anistia, no Container Art Mall, na Rua Leda Pereira, 534, Parque Manibura. Um dos maiores nomes do Pessoal do Ceará, Rodger é autor das músicas Bye, Bye Baião, Chão Sagrado, Retrato Marrom e O Lago, entre outras.


Paulo Verlaine - Quinze anos após a passagem do milênio, pode-se dizer que a canção acabou? Chico Buarque, um dos ícones da MPB, declarou, numa entrevista concedida em 2004 ao jornal Folha de S. Paulo, que a canção morreu. Morreu mesmo?

Rodger Rogério - A canção acabará jamais.. A música e, em particular,a canção, é a expressão da alma coletiva...

PV - Mesmo tirando de lado o romantismo e as letras que falam de amor, há espaço hoje para música popular de qualidade, como a que se fazia nos anos 60, 70 e 80?

RR- Sem dúvida Na música, na vida, no Universo, em tudo, o ritmo é fundamental, tudo é cíclico e há espaço e tempo para tudo. O que mudou muito foi o mercado.Este está             aturdido. 

PV - Entre os valores novos surgidos (as) dos anos 90 para cá você citaria quem?

RR - Prefiro não citar nomes pois são muitos e do mais alto valor. Grandes talentos, artistas verdadeiros.

PV  - O acesso aos bens de consumo, principalmente no que se refere aos aparelhos tecnológicos - televisores LED, HD, computadores, pen drives, etc – teria contribuído para a baixa qualidade da música popular produzida hoje no Brasil, como pensam alguns elitistas? Ou a queda na qualidade do ensino é responsável pelo lixo que se ouve no País?

RR - A música brasileira nunca perdeu qualidade, pelo contrário, em qualquer  - pedaço deste chão tem sempre alguém que canta, com talento, seu tempo, seu amor, sua gente             ou seu lugar. A baixa qualidade é da programação das emissoras de rádio e televisão.

PV - Nos anos 50, 60, 70, 80, até os 90 até a música chamada brega, o forró (Trio Nordestino, por exemplo),  lambada (anos 90) e outros modismos de massificação musical tinham mais qualidade do que as coisas produzidas de 2000 para cá. O que aconteceu?

RR -A música de qualidade está fora da programação das grandes emissoras.

PVComo qualifica o seu trabalho musical atualmente? E o do  passado? Se arrepende de ter deixado de fazer alguma coisa, tipo ceder à massificação para alcançar multidões e as paradas de sucesso?

RR - Minha relação com a música é amorosa e sem arrependimentos. Hoje eu gosto muito de cantar, coisa que antes a timidez me proibia. O Curso de Arte Dramática da UFC             me ensinou a driblar a timidez.

PV - Passando para a política, a que atribui a agressividade e o baixo nível do debate político hoje, intensificadas durante e após a última campanha presidencial? Há presença da direita, dos piores  setores da direita (adeptos do  Bolsonaro e dos pastores Malafaia e Feliciano) em muitos setores da sociedade, principalmente nas redes sociais. Sentimentos como o racismo, a misoginia, a homofobia e a defesa da ditadura militar e do apartheid social afloraram com grande intensidade. Isso estava adormecido, incubado, mas latente. O que deflagrou essa onda fascista no Brasil?

RR - Educação, não confundir com adestramento, educação libertadora. Educação com Ciência e Arte.é o tratamento para muitos males brasileiros, inclusive desses males de             agressividade, preconceito e intolerância.Música na Escola já seria um bom primeiro passo nesse rumo da libertação. Esses sentimentos de ódio sempre existiram na                 nossa sociedade. Agora a Democracia da web permite uma amplificação de qualquer ideia ou sentimento.

PV -  Como se sente num evento de anistiados políticos?

RR - É um encontro emocionante, é uma reunião de pessoas que sonharam juntas quando jovens.

PV -Como vê o papel do Pessoal do  Ceará na MPB.

RR - Essa turma da música da nossa geração deu uma rica contribuição  ao repertório musical brasileiro , honrando uma tradição que vem de Alberto Nepomuceno, Paurílo                 Barroso,Aleardo Freitas, Lauro Maia, Humberto Teixeira, Zé Meneses,  Evaldo Gouveia...



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Guerra ao abuso sonoro: Prefeitura destrói 287 paredões de som

Mauri Melo
                     Paredões de som destruídos


O que o prefeito Roberto Cláudio fizer de correto por Fortaleza eu estou disposto a apoiá-lo. Em 2012, votei em Inácio Arruda (PCdoB) no primeiro turno, em Elmano de Freitas (PT) na segunda etapa. Nunca me arrependi de ter feito essas opções. Ao contrário, sinto-me muito honrado. Sou crítico da administração do atual gestor de Fortaleza no que se refere à retirada de árvores das avenidas de Fortaleza e ao sinistro plano de destruir a Praça Portugal, além do abandono que relegou o Passeio Público, tão bem cuidado por sua antecessora Luizianne Lins. A velha Praça dos Mártires volta agora a ser o que era em passado não muito distante: local perigoso e inviável para passeios saudáveis.
 O amigo Mariano Freitas, no entanto, chama-me a atenção, no Facebook, para a destruição de 287 paredões de som pela Prefeitura, fato noticiado pelo jornal O Povo. Ô coisa boa! Quase três centenas dessa parafernália do meio dos infernos haviam sido apreendidas em operações da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), informa OP. Seus proprietários, se fosse por mim, deveriam estar presos sem direito à fiança, estavam dispostos a infernizar o sossego dos fortalezenses no período de Carnaval. Canalhas!
Se não fosse agnóstico, eu diria: deus me perdoe, mas desejaria ver um indivíduo sádico desse preso durante 24 horas em um cubículo à prova de som (para proteger os tímpanos de quem estivesse do lado externo) junto com um paredão adquirido pelo transgressor ligado no volume máximo apenas com uma música sem nenhum intervalo: a de pior qualidade entre a seleção de porcarias. Ele veria o que é bom para tosse.
Observa-se fato interessante: o gosto musical de um retardado mental desse é proporcional ao volume do paredão que ele utiliza. Quanto mais alto, maior a quantidade de dejetos “musicais”. Alguém, por acaso, já ouviu Adagio, de Tomaso Albinoni em um paredão de som? A Nona Sinfonia de Beethoven? Os Noturnos de Chopin? Algum dos Concertos de Brandenburgo de Johann Sebastian Bach? Nunca! O que se ouve são “sucessos” de última hora (pseudoforrós, baianices e carioquices (funks) de baixíssima qualidade). “Composições” de vida mais efêmera do que a de uma mosca.
Por questão de justiça, devo destacar o trabalho realizado, com muitos êxitos obtidos, pelo então secretário de Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), Deodato Ramalho (2006 a 2007),
na gestão da prefeita Luizianne Lins.
Porém, a atual secretária de Urbanismo e Meio Ambiente Águeda Muniz, administração Roberto Cláudio, já deu mostras de que não está disposta a transigir com o abuso sonoro. Que continue essa boa vontade! A população de Fortaleza agradece.
Deixo sugestão à eficiente secretária: que tal disciplinar o problema dos carrinhos de mão bregas que circulam pelo Centro de Fortaleza a vender CDs piratas em alto volume? Não me incomoda a questão da pirataria (muito complexo para a Prefeitura tomar para si a questão), mas o abuso sonoro.  O pessoal até que poderia vender os CDs, desde que não os tocassem. Pedir para colocar em volume normal é malhar em ferro frio. Que se apreendam as caixas de som!
A gestão Roberto Cláudio encontrará incentivo em toda ação que fizer em benefício da cidade. Mas o caminho não é retirar (ou cortar) árvores numa capital tão necessitada de sombra, de verde, e muito menos destruir logradouros belíssimos como a Praça Portugal.

  

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Dedé de Castro: desaparece um dos últimos jornalistas românticos


 Edmundo (Dedé) de Castro


     
Sem preconceito, sem mania de passado, seu querer ficar do lado de quem não quer navegar (Paulinho da Viola): slogan de Dedé de Castro para o jornal Unitário.


     Com o falecimento de Edmundo de Castro, ocorrido na madrugada desta segunda-feira, desaparece um dos últimos ícones da geração genial e romântica do jornalismo cearense. Para mim, baseado na vivência que tive com cada um deles, os seis grandes foram, por ordem alfabética: Durval Ayres, Edmundo de Castro, Fenelon de Almeida, J. C. de Alencar Araripe, Moraes Né e Odalves Lima. Houve outros grandes jornalistas desse período, claro, mas estou a referir-me apenas aos que tive a honra e o prazer de conviver pessoalmente.
     Dos seis citados, três – Durval Ayres, Moraes Né e Odalves Lima – eram egressos de O Democrata, jornal do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e se consagraram depois no jornal O Povo. A escola da esquerda que ainda pontifica até hoje nesses inglórios tempos de “nova direita”..  
     Dedé de Castro era um ex-udenista (simpatizante do antigo partido União Democrática Nacional-UDN), posteriormente convertido ao marxismo e ao PCB. Perambulou (o verbo é esse mesmo, porque ele não era de esquentar lugar e engolir sapos) em todos os jornais de Fortaleza.
     Durval Ayres era também escritor consagrado, membro da Academia Cearense de Letras, editorialista de Gazeta de Notícias e O Povo. Um grande romancista, de espírito aberto e desprendido. Estilo elegante no manuseio do texto.
     Fenelon Almeida, também escritor, era esquerdista cristão e, nos seus últimos anos, voltado mais para a doutrina espírita, sem jamais abandonar a defesa das causas sociais. Com este convivi mais de perto – foi meu chefe no antigo Departamento de Pesquisa de O Povo – e com ele hauri inesquecíveis lições.
     Moraes Né era outro titã do jornalismo cearense. Dotado de impressionante cultura, escrevia sobre qualquer assunto com grande conhecimento de causa. Tinha temperamento explosivo, mas era homem pacato, simples, generoso e sempre disposto a ajudar os que se iniciavam na profissão. Foi o primeiro jornalista cearense a tratar com seriedade do problema do meio  ambiente neste Estado. Mas era perfeito em tudo o que fazia.
     Odalves Lima, que se destacava como editorialista também no O Povo, tinha um dos melhores textos do Brasil, sem exagero. Um ás das “pretinhas” (gíria usada para designar as letras das velhas, hoje peças de museu, máquinas de escrever).
     J. C. de Alencar Araripe destoa do sexteto em termos ideológicos, não de competência e honradez: era, digamos, um centro-direitista, mas sempre valoroso e íntegro, que sabia reconhecer qualidades nos colegas dos quais ele discordava. Fez toda sua carreira no O Povo. Com ele, meu chefe superior (Fenelon era chefe imediato), aprendi ensinamento que nunca esqueço: “Tudo pode ser dito. Depende da maneira com que você diz”.
     Parafraseio Shakespeare (Júlio César, no discurso de Marco Antônio) e digo: “Perdoai-me, mas tenho o coração neste momento, no ataúde de Dedé de Castro (Marco Antônio, no texto shakespeariano, referiu-se a César); é preciso calar até que ao peito ele me volte”.
      Conheci Edmundo de Castro antes de eu sonhar em ser jornalista. Em 1968, eu com 18, 19 anos, no meu primeiro emprego: operador de telefones da Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos (ECT), ainda com cara de DCT (Departamento dos Correios e Telégrafos), mas a mudança formal de repartição pública para empresa estatal já havia se realizado.
     Tomei susto ao tomar conhecimento que, a meu lado, trabalhava, na mesma função, um jornalista consagrado, autor de reportagens famosas e ganhador de vários prêmios de jornalismo. Era o Dedé de Castro, na época um quarentão. O setor: a Radiofonia da ECT. Era difícil (como ainda é hoje sobreviver apenas com salário de jornalista). Não havia discagem direta à distância e as ligações era feitas pelos Correios, em turmas divididas em três turnos: manhã, tarde e noite, ligadas à central no Rio de Janeiro. Éramos da turma da noite. Chamava-me a atenção a maneira altiva com que Dedé tratava os colegas cariocas (alguns, não todos, eram meio boçais), com os quais nos comunicávamos para completar as ligações.
     Reencontrei-o dois anos depois no jornalismo, mais famoso ainda. Passamos então a conviver com mais frequência, principalmente nos bares de Fortaleza. Nas conversas, no meio das quais ele se autodenominava Dedé Beira D´Água, aprendi a admirar aquele cidadão de Itapipoca, mais precisamente do Córrego dos Cajueiros, lugar que ele sempre fazia questão de citar. Gostava de repetir o verso da canção Argumento, de Paulinho da Viola: "Sem preconceito, sem mania de passado, seu querer ficar do lado de quem não quer navegar", que usou como slogan do Unitário, na sua curta e marcante temporada como editor deste jornal dos Diários Associados. Eu vibrava com os prêmios por ele conquistados (foram muitos). Em 1987 ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (o Nobel da imprensa brasileira) com a série “O Nordeste por trás das grades”, publicada no Diário do Nordeste. Dedé de Castro editou também a revista cultural O Saco, fundada pelo poeta e livreiro Manoel Coelho Raposo, que revelou grandes talentos literários: Nilton Maciel, Carlos Emílio Corrêa Lima, Jackson Coelho, entre outros.
     A convivência se tornou maior quando fundamos, em 1977, o jornal alternativo Mutirão, juntamente com Francis Vale, Célia Guabiraba, Gervásio de  Paula, Maria Luiza Fontenele, Rosa da Fonseca, Luiz Carlos Antero, Agamenon Almeida, Silas de Paula e outros. Edmundo de Castro assinava a coluna O Cacete do Dedé Incomodava muita gente (os poderosos e os coleguinhas petulantes eram seu alvo predileto). Mutirão era mais influenciado pelo pessoal do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), embora abrigasse pessoas de outras tendências.
     Em 1985, novo reencontro: desta vez no Diário do Nordeste, onde ele era pauteiro. Dedé foi um mestre do jornalismo, um guru, e nessa condição, teve discípulos, entre os quais eu também me incluo, juntamente com Francisco Bilas (falecido), Carlos Alberto Alencar, Neno Cavalcante, Mozarly Almeida e muitos outros.
     Nesses intervalos de locais de trabalho, sempre frequentava, periodicamente a casa de Dedé de Castro nas Damas, perto da Casa do Português, onde vivia ao lado da esposa, dona Nenen, e do filho Paulo Afonso, quando este era solteiro.
     Dedé de Castro foi e sempre será um dos meus tipos inesquecíveis. Adeus, amigo.



sábado, 7 de fevereiro de 2015

"Odiai-vos uns aos outros"






A partir de agora, passo a interagir no Facebook apenas com pessoas que conheço ou que têm um mínimo de civilidade.
     Costumava debater - discordar e, algumas vezes, concordar - com respeitado homem público da área jurídica de Fortaleza. Nunca houve troca de ofensas. Algumas críticas, réplicas e tréplicas, sempre inteligentes e bem-humoradas da parte dele. Procurava tratar-lhe da mesma maneira, não com o mesmo brilhantismo, evidentemente.
     Há alguns dias, no entanto, um homem que não conheço, mas é do círculo de família e amizades do cidadão que citei, surge do nada e passa a agredir-me com palavras odiosas. Bloqueio-o do meu Facebook, uma vez que não constava nem na minha lista de amigos. Tomarei atitude idêntica com outros que agirem dessa maneira.
     O agressor diz no perfil dele que é cristão. Para esse disseminador do ódio, cito o evangelho de Mateus (Cap. 5, vers. 44): "Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem".
     No meu caso, não sou amigo nem inimigo desse rapaz, porque sequer ele me foi apresentado. Não havia tomado consciência da sua existência. Por que tanto ódio? Tenho a impressão que ele, o odioso, idolatra Satanás (também conhecido como Lúcifer, Belzebu, Príncipe das  Trevas, Capeta) e nunca Jesus Cristo. 
Vade retro, Satana!

(Texto reproduzido, com alguns retoques e acréscimos, da minha time line no Facebook)


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Derrubada ou retirada de árvores acelera devastação ambiental em Fortaleza. Praça Portugal é a próxima vítima


"Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer, quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz."
Tom Jobim


    
Fortaleza ainda impressiona os visitantes de outros estados e do Exterior pela arborização das ruas e avenidas. A imagem preconcebida lá fora de uma cidade semiárida é substituída pelo verde acolhedor. A brisa marinha – quase sempre constante – ajuda também a atenuar o forte calor da capital cearense.
     Graças a esses fatores, Fortaleza tem um dos climas mais agradáveis entre as capitais nordestinas, sem desmerecer as demais, possuidoras de outros encantos. Sol quase o ano todo, praias e calor suportável, principalmente nos meses de junho, julho, agosto e setembro, até outubro, quando a ventania, algumas vezes muito forte, alivia o mormaço.
    
A triste constatação: o clima ameno e o cenário verde estão no fim – ou muito ameaçados. A ofensiva impiedosa contra a arborização acelerou-se nos últimos dois anos. O prefeito Roberto Cláudio (foto) mandou retirar mais de uma centena de antigas árvores nas avenidas Santos Dumont, Dom Luiz e Bezerra de Menezes e outras ruas. Algumas foram replantadas no Horto Florestal (sobreviveram?) e outras separadas para possível replantio. Muitas foram cortadas. 
     A agressão ambiental teve uma justificativa até certo ponto compreensível: a chamada mobilidade urbana, inviabilizada pelos engarrafamentos intermináveis e o trânsito caótico da cidade. Noticiou O Povo on line no dia 14 de agosto de 2014: “Em abril (nota do blog: 2014), a Prefeitura retirou 202 árvores dos canteiros centrais da Santos Dumont e Dom Luís, na Aldeota, para implantação de sistema binário entre as vias. Dessas, 190 foram transplantadas no Horto Municipal. 110 árvores ainda corriam risco de morte”.
     Na Bezerra de Menezes, a retirada para transplantio ou derrubada de árvores deveu-se à implantação do BRT (Bus Rapid Transport) naquela avenida, até então, uma das mais arborizadas e mais belas de Fortaleza. Construída em 1966, pelo então prefeito Murilo Borges, a Bezerra de Menezes já foi comparada à Champs-Elisées, de Paris, sem nenhum exagero. Chego até a dizer que, em alguns trechos, ela superava em beleza, também em determinados pontos, a famosa via parisiense.
     Pergunta-se: não havia alternativas?  O resultado é a avenida Bezerra de Menezes praticamente sem árvores. Lamentável.
     Roberto Cláudio iguala-se assim a um prefeito de triste memória para o fortalezense: José Walter Cavalcante (final dos anos 60 e início da década de 70), responsável pela destruição de árvores centenárias da Praça Clovis Bevilaqua para construção de caixa d´água subterrânea da Cagece que nunca funcinou. A Praça Clóvis Bevilaqua é hoje um melancólico descampado. José Walter também tem seu nome registrado na infeliz “reforma” de um dos ícones da cidade: a Praça do Ferreira, que ficou totalmente descaracterizada. Décadas depois Juraci Magalhães devolveu à população a Praça do Ferreira, lembrando o antigo formato vilipendiado na gestão José Walter.
PRAÇA PORTUGAL
     Roberto Cláudio vai destruir – a Câmara Municipal já autorizou – um dos mais belos logradouros de Fortaleza: a Praça Portugal, com o objetivo de completar o sistema binário das avenidas Dom Luiz e Santos Dumont. Como sempre, se diz que não há alternativa, mas existe. O problema é que a opção sempre é pela destruição. É preciso mobilização da sociedade para evitar mais esse atentado à memória da cidade.
TEMPOS DE MOBILIZAÇÃO
     Pior é que a maioria dos fortalezenses assistiu impassível à derrubada das árvores, salvo uma ou outra manifestação isolada na imprensa.
      Chegam-me lembranças dos tempos em que a sociedade fortalezense se mobilizava em favor da causa ecológica. Metade e quase final dos anos 70. Época memorável das campanhas vitoriosas da Sociedade Cearense de Defesa do Meio Ambiente.                        Vou citar apenas algumas que me ficaram na memória: 1) campanha contra a derrubada dos coqueiros da avenida Beira-Mar (por incrível que pareça, tentaram praticar essa perversidade, sem êxito, graças à Socema); 2) luta contra a chamada “capinação química”: uma multinacional (Monsanto) havia sido contratada pela Prefeitura de Fortaleza para eliminar a plantinha rasteira tiririca que se alastrava pelas coxias das ruas da cidade e causava transtornos. O problema era que o produto químico a ser utilizado pela Monsanto, afetava não apenas a tiririca, mas a vegetação de Fortaleza, as árvores, inclusive. Desistiram. O nome Tiririca veio a se tornar famoso, graças ao palhaço e hoje – por que não dizer? – atuante deputado federal, iniciando o segundo mandato;
     Mas, voltemos à Socema, para falar da sua maior glória, o gol de placa: a batalha – com pontos tensos e desanimadores - em favor da preservação do embrião do Parque Cocó, o hoje Parque Adahil Barreto. O Banco do Nordeste queria construir ali a sua sede administrativa, que terminou indo para o Passaré. Grande mobilização impediu esse atentado ao meio ambiente da cidade. Anotem esses nomes. O Parque Adahil Barreto e o Parque do Cocó devem a sua preservação a pessoas como Joaquim Feitosa, Flávio Torres Araújo, Marília Brandão, Joaquim Cartaxo, Samuel Braga (na Socema e, depois, vereador na Câmara Municipal), José Borzachiello da Silva e tantos outros.
        Na imprensa, destaco a atuação do grande jornalista Moraes Né, através de editoriais e artigos. Eu, repórter do jornal “O Povo”, na época, fui testemunha, na qualidade de repórter e fiz parte, na condição de cidadão, dessa luta memorável, tendo como referência Moraes Né. Chegamos a fazer reportagem conjunta em determinada ocasião.
AMEAÇAS AO COCÓ
     Infelizmente, essa mobilização positiva dos anos 70 e 80 virou acomodação nos dias atuais. O próprio Parque do Cocó, fruto da lua da sociedade pela preservação ambiental, vê-se hoje ameaçado pela construção de obras públicas e pela especulação imobiliária.
     Destaque-se, a bem da verdade, a mobilização levada a efeito contra a construção dos dois viadutos na área de preservação ambiental do Cocó, lideradas pelos vereadores João Alfredo e Toinha Rocha, além da ex-prefeita Maria Luiza Fontenele e a ex-vereadora e professora Rosa da Fonseca e os integrantes do movimento Crítica Radical. Luta foi em vão, mas pelo menos houve mobilização. Os viadutos foram construídos. Explicação oficial: os viadutos eram necessários, porque uma média de 70 mil carros e 274 ônibus trafegavam todo o dia pelo trecho, e ocasionavam demora em média de 30 minutos na área. Com os viadutos, esse tempo teria caído para três minutos. Alguém já foi checar isso? 
    
O Parque do Cocó(foto) existe de fato e não de direito. Para o advogado e membro do movimento ambientalista SOS Cocó, Arnaldo Fernandes, em declaração prestada ao jornal O Estado, de Fortaleza, em 5 de fevereiro deste ano, “um dos grandes fatores que incentivam a degradação e a ocupação indevida de espaços verdes que deveriam ser protegidos é a ineficiência do decreto estadual (nº 20.253) de 05 de setembro de 1989, que foi expandido em 08 de junho de 1993, e que cria o Parque Ecológico do Cocó. O texto declara o espaço de 1.155,2 hectares, na época, como área de utilidade pública para desapropriação. Os trabalhos de retirada de propriedades privadas irregulares nunca foram realizados”.
     “Esse decreto nunca foi concretizado porque não foram feitas as desapropriações dos terrenos no seu entorno. Pelas características singulares, o Parque do Cocó não pode conviver com propriedades privadas e requer uma proteção especial. Se os terrenos forem privatizados, ficam na iminência de construções, causando vários problemas que já conhecemos. Não podemos esquecer que estamos tratando de uma área extremamente sensível”, observa o advogado.

 MEIO AMBIENTE NO BRASIL
     Vale relembrar o histórico da questão ambiental no Brasil. O País começou a preocupar-se com o meio ambiente apenas antes da metade do século XX, quando houve a tentativa de regulamentar a exploração dos recursos naturais: borracha, madeira, água. Conforme o Almanaque Abril, datam de 1937, governo Getúlio Vargas, o Código Florestal e o Código de Águas.      Mas a chamada “consciência ecológica” é muito mais recente, vem dos anos 70 para cá. Em 1967, cria-se o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), substituído em 1989 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). Em 1990 cria-se a Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República, transformada depois em Ministério.
SUSTENTABILIDADE
     Outro conceito ganha importância: o do desenvolvimento sustentável, que ressalta a preservação de recursos naturais e dos ecossistemas para as gerações futuras, a melhoria da qualidade de vida e a sobrevivência das empresas. Ainda segundo o Almanaque Abril 2015, o conceito de sustentabilidade foi definido em 1987, no documento Nosso Futuro Comum, também chamado de Relatório Brundland, elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas (ONU).
MEIO AMBIENTE E QUESTÃO SOCIAL
A conscientização da sociedade tem a ver com a questão social e o meio ambiente, tema que deve merecer muita atenção dos gestores públicos e da população, de uma maneira geral, tanto a que vive nas grandes cidades quanto a que habita em cidades médias, pequenas e nas áreas rurais. Digno de registro é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) elaborado pela assistente social Regina Parente (foto) intitulado O Serviço Social no Meio Ambiente no qual ela aborda, com muita propriedade, essa questão:
“Ressalta-se que o serviço social tem uma larga história de intervenção visando a atender as camadas excluídas e marginalizadas, tendo o compromisso com a justiça social, expressados no eco e agregados naqueles que procuram estabelecer cumplicidades entre a construção de conhecimentos para uma sociedade, justa, igualitária e sustentável. As políticas sociais são classificadas e definidas mediante as suas especificidades e objetivos, sendo preventivas, curativas, primárias, secundárias terciárias, apresentada conforme o público alvo, onde a mesma teve a sua origem no capitalismo advento da Revolução Industrial, através das mobilizações executadas pelas as classes operárias que passou pelas as contradições sociais proferidas pela a classe dominante, e neste contexto a política social ganha destaque por possuir a mediação entre as demandas sociais e também a intervenção governamental, sendo estratégia dos conflitos existente entre as classes, a qual a assistência social é uma política que garante os direitos sociais, dentre outros”.

Conclui Regina Parente: “O serviço social é uma profissão muito primordial no contexto do meio ambiente, pois é uma temática nova no trabalho profissional do assistente social, mas que posteriormente será grande destaque na sociedade, por conta de realizar ações sociais na melhoria de vida das pessoas e também na conscientização do valor das pessoas conforme seus direitos e deveres, terem responsabilidade e compromisso com o meio ambiente, assim preservando a natureza".

O texto completo do trabalho pode ser lido neste link: http://pt.slideshare.net/alavieira/regina-tcc




quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Escritor Urariano Mota lança o Dicionário Amoroso do Recife

                               Centro do Recife

Dicionário Amoroso do Recife, do escritor pernambucano Urariano Mota, transporta-nos a figuras, fatos, locais e paisagens da capital pernambucana em épocas diversas. É o Recife cantado em prosa, no estilo leve, elegante – mas sem afetação – do autor, e em versos dos grandes poetas por ele citados. 
     Urariano Mota, recifense do bairro de Água Fria, é autor dos romances Soledad no Recife, (baseado na vida de Soledade Barret Viedma, amante do cabo Anselmo e por ele traída e entregue à tortura e morte aos agentes da ditadura brasileira); e O Filho Renegado de Deus.
Pelas  ruas do Recife
O Recife – o Dicionário explica o porquê do masculino – tem encanto especial para mim. Depois de Fortaleza, é a talvez a única capital de estado brasileiro onde eu poderia morar e me sentir em casa. A outra opção seria mais distante: o Rio de Janeiro. Já estive no Recife mais de uma dezena de vezes. Espero voltar lá outras dezenas. Que Fortaleza – no feminino – não tenha ciúmes...
     O túnel do tempo da memória me leva ao Recife de 1958, ano em que, pela primeira vez, aos oito anos de idade, conheci a Veneza Brasileira. De navio. Viagem mágica de dois dias, saindo do Porto do Mucuripe (Fortaleza), passando por Natal (RN), a bordo do navio Itaité, do Lóide Brasileiro, um dos famosos “itas”, em companhia da minha mãe, a poetisa e cronista Dulce Pereira, e do meu irmão Pedro Henrique (já falecido). De primeira classe: apartamentos com beliches, e direito a frequentar o restaurante de bordo, cardápio variado e orquestra para animar bailes noturnos.
     Ao chegar à capital pernambucana o garoto de oito anos conhece a primeira metrópole de sua vida. Recife estava no auge. Ainda povoam intactas, na minha mente, imagens dos anúncios coloridos dos prédios do centro da cidade refletidos nas águas dos rios Beberibe e Capibaribe, a fonte luminosa do Parque 13 de Maio, o zoológico do Parque Dois Irmãos, os bondes (Fortaleza já havia desativado esse meio de transporte e eu não os conhecia), os pés de jambos, as ruas e bairros com nomes poéticos ou estranhos (ruas da Aurora, da Hora, do Hospício), a casa dos meus tios, primos e primas, na Rua Visconde de Suassuna e tantas outras lembranças.        Entre as curiosidades que podem causar estranheza ao visitante de primeira viagem é a existência de um bairro, no Recife, chamado Recife. Trata-se, na verdade, do Recife Velho, ou Recife Antigo, na área central, mas o povo de lá diz: “Vou ao Recife“ (referindo-se ao bairro).
     A Fortaleza do final da década de 1950, muito diferente da de hoje, era provinciana demais. O Recife deu-me o primeiro choque metropolitano.
      Depois, voltei mais vezes: adolescente, em 1967, no fusca do meu primo, o engenheiro Pedro Ney da Silva Pereira e, nos anos 80, mais viagens, de ônibus, de avião. As recordações agora giram em torno da Praia de Boa Viagem, dos ônibus elétricos (que duraram pouco em Fortaleza), dos cabarés do Recife Velho (já não existem mais).
     Em 2000, repeti o gesto de minha mãe: levei dois de meus filhos (Rebeca e Fernando, ela então adolescente, ele pré-adolescente), ao Recife, não mais de navio, mas de ônibus.  
    De A a Z
    
                               Urariano Mota

O Recife que conheci pela primeira vez em 1958 está no Dicionário do Urariano Mota (foto). O de 1958 e de outras décadas, mais distantes, mais próximas e atuais. Como se trata de um dicionário, a leitura pode ser iniciada por qualquer verbete, a gosto do leitor, pelo início, meio ou fim. Foi o que fiz logo que recebi o livro: li os verbetes que mais me interessavam de imediato, acompanhando pelo índice. Depois, “comecei do começo”, fui de A a Z. Maravilha.

    Brota das páginas o Recife com cheiro de mangue, de caranguejo, de frutas da terra e de urina que se sente ao passar pelas pontes dos rios Beberibe e Capibaribe. É o aroma da cidade. Sem esse conjunto de odores não se pode dizer que se está no Recife. Que o leitor viaje, de A a Z, nos verbetes, surfando no estilo agradável e escorreito de Urariano Mota.
     Não conheço pessoalmente o autor, mas sinto como se nós dois fôssemos amigos de longa data. Conheci-o no finado e saudoso Orkut e suas diversas “comunidades”, principalmente as relacionadas ao Nordeste, seus músicos e poetas, entre os quais o pernambucano Luiz Gonzaga e o cearense Humberto Teixeira. Debatemos muitos assuntos: música, Nordeste, política e literatura. Até a internet já tem seus saudosistas. Eu sou um dos saudosistas do Orkut.  
     Para não dizer que falei apenas de flores, senti falta, no Dicionário, de referências a outros ícones do Recife: da cirandeira Lia de Itamaracá; da Feijoada do Jaime (era no bairro Pina. Não existe mais), do lendário e erótico edifício Holiday (em Boa Viagem, um famoso “treme-treme”, semelhante ao Jalcy, da avenida Beira-Mar, de Fortaleza, só que muito maior); do Íbis Sport Club, “o pior time do mundo”. Recifense gosta de exagerar até quando reivindica título de pior.
     Mas há exemplos de exagero para melhor e maior. Um deles: dizem que os  rios Beberibe e Capibaribe se encontram no Recife para formar o Oceano Atlântico? Hein?
     Voltando às possíveis omissões que citei, é preciso reconhecer, no entanto, que o livro é um dicionário, não uma enciclopédia virtual para caber tudo o que a gente quer. Que o autor me perdoe a exigência excessiva.
      Vou citar – e comentar aqui –, sem observar ordem alfabética, apenas trechos de alguns verbetes (destacando graficamente as letras iniciais), que chamaram mais a minha atenção. Os demais leitores talvez tenham outras preferências. Que comprem o livro. Leiam todos os verbetes. Deleitem-se com o primoroso estilo do Urariano Mota. Eis a minha seleção:
Gilberto Freyre

 
Urariano Mota trata Gilberto Freyre (foto), o autor de Casa Grande & Senzala, com um respeito que beira a veneração, mas não deixa de criticá-lo com severidade. Para mim o ponto alto do livro é a análise feita por Mota sobre o grande sociólogo pernambucano:
     “Casa Grande & Senzala, dos livros de análise histórica surgidos no século XX, é para mim o que vai atravessar as nossas e vindouras gerações. Tem a qualidade de ser bem escrito, e bem escrito de tal forma que mais parece literatura, romance. Esse Freyre era um homem de extrema sensualidade, que tinha, entre outras perversões, o gosto da prosa. Não há livro científico tão bem escrito como Casa Grande & Senzala. Minto: talvez só A Origem dos Sonhos, de Freud”.  
Agora vem a crítica severa, mas não destruidora: “Mas ele é, seguramente, o homem que glorifica a colonização portuguesa. E, nesse caso, tão brasileiro pela dissolução da crueza com ares de fazer graça, entre um pigarro no cachimbo e um costume bárbaro, como quem dilui a violência com uma piada. (nota do blogueiro: um Gilberto Freyre precursor do cineasta Quentin Tarantino?) Nesse caso particular, é preciso vencer Gilberto  Freyre. Vencê-lo também de uma reação à influência avassaladora e paralisante. A sua orientação e influência, como uma gripe inescapável, se estendeu sobre a prosa e poesia dos nossos mais brilhantes escritores, de José Lins do Rego a Manuel Bandeira e Ascenso Ferreira...”Esse poder e esse encanto têm que ser mortos. Mas antes, ele deve ser muito estudado... Vencê-lo como uma forma de superação necessária. E muito estuda-lo, voltando a suas  luzes de escritor, de gênio. Superar é uma forma de assimilar a tradição”.
O Centro do Recife
     Descubro, para minha surpresa (nas minhas últimas visitas à cidade, quase sempre curtas, não cheguei a perceber essa transformação) que a área central do Recife se transferiu para outros lugares! Urariano fala do antigo centro, hoje decadente, principalmente à noite: “O centro do Recife era lugar onde a vida florescia, para o trabalho, para namorar, agir na política e na cultura. E o mais curioso era a percepção que nos assaltava persistente: o centro do Recife era eterno, ou dito de outra maneira, jamais mudaria. Guararapes, Bar Savoy, Cine Trianon, Aky Discos, Botijinha, Sorveteria Gemba, Bar da Brahma”.
       A boa surpresa: “O centro de Recife hoje não está mais compacto em um só lugar e direção”... “O centro da cidade se deslocou para o Recife Antigo, com a Livraria Cultura, com os prédios culturais dos Correios e da Caixa Econômica, com o Centro de Artesanato de Pernambuco e o Memorial Luiz Gonzaga. O centro emigrou para a Rua de Santa Cruz, onde se agita o Mercado Público da Boa Vista. Ele foi para o conjunto de bares enfileirados pelo Bar Central, na Mamede Simões, por trás Rua da Aurora, onde se concentram os músicos de choro do Recife”...“O centro corre também para o bairro de Boa Viagem, onde se criou o Parque Dona Lindu, com shows e concertos no fim de semana”.
Qual o gênero da cidade?
     É masculino. Urariano Mota explica na letra Q do dicionário: “O batismo da cidade veio desses muros aflorados por milênios na capital pernambucana: arrecife ou Recife”. O nome é masculino desde a origem. Diz mais: “Falar, dizer dE Recife, Em Recife, ou Recife, sem o artigo masculino antes, é o mesmo que renegar as mais belas vozes da cidade, e assim desprezar o excelente, que é o modo mais vil de ignorância”.
      O autor está correto. Ninguém diz: “Sou de Rio de Janeiro”. Rio, o curso d´água, é palavra masculina. O inverso também acontece: “Venho da Bahia” e jamais “venho de Bahia”. Baía, acidente geográfico que deu nome ao estado brasileiro, é palavra feminina. Os baianos referem-se também à capital, Salvador, como Bahia, porque se trata da Bahia de São Salvador. Mas isso é outra história.
     O gênero da cidade de Fortaleza é feminino. Vem da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, o antigo forte Schonenborch, tomado dos holandeses pelos portugueses no século XVII.
Sotaque do Recife
     Urariano Mota: “Leia-se, portanto, antes de mais nada, o título como “u sutáqui do Ricife”“. Na verdade, raro as nossas vogais “E” e “O” se pronunciam como se escrevem nas sílabas. Nem muito menos, como “ê” e “ô”, ave Maria. Aliás, “ave” é bem ilustrativa da variação, ora se pronuncia como “avi”, ora como “avé”, como se escuta nos cânticos das igrejas católicas do Nordeste. Assim também na palavra Recife, que ora é “Ricife”, ora é “Ré-cife”.
     O autor limita-se, no entanto, à questão fonética. Esquece um ponto importante: o ritmo do sotaque pernambucano ou recifense, apressado como o frevo. O fortalezense – ou quase todo cearense do litoral – percebe isso. E é notado também quando está no Recife. Também falamos cantado, mas o ritmo é diferente: mais lento, arrastado, como um baião, xote ou toada. Outro ponto: o pernambucano omite o artigo definido antes de nome próprio: “Você viu Maria?”, “você viu Paulo?”. O fortalezense diria: “Você viu a Maria?”, “Você viu o Paulo?”. Já o cearense do Cariri (Sul do Ceará) fala muito parecido com o pernambucano: na fonética, no ritmo, na linguagem e até na omissão dos artigos definidos antes dos nomes próprios.
     Dicionário Amoroso do Recife faz protesto que merece registro e apoio. O autor se insurge, com muita razão, à tentativa da TV Globo do Recife de modificar o sotaque pernambucano na linguagem dos repórteres e narradores de noticiários. ”Bê-bê-ri-be” (como o carioca diz) em vez de “Bi-bi-ri-be” (no autêntico linguajar pernambucano). Urariano está corretíssimo. Tentativa de alterar sotaque (ou fonética) de um povo é crime cultural.
Hélder Câmara
    
Este era um cearense de Fortaleza, recifense de coração, cidadão do mundo. Diz o Dicionário Amoroso do Recife: “Quem foi jovem no Recife, no Brasil depois de 1964 sabe: Dom Hélder Câmara (foto) era o arcebispo vermelho, o perigoso comunista disfarçado em padre, um ilustre morto-vivo cujo nome e fotos não apareciam nos jornais, apesar de ter sido o brasileiro mais famoso no mundo, depois de Pelé. A sua prática sacerdotal, em um Recife que vinha da pedagogia de Paulo Freire, de governos socialistas, longe estava da simples pregação da caridade, ou de se mostrar superior ao povo miserável. Ao mesmo tempo, os comunistas jamais pensaram, sequer por hipótese, que um arcebispo fosse um dos seus. Havia encontros, havia diálogos entre suas políticas, com mais de um ponto de conflito”.
...”Quem já leu suas crônicas, que em boa parte foram reunidas no livro Um Olhar sobre a Cidade, entenderá o que vou dizer. Para mim, ele escrevia textos modelares de crônicas radiofônicas. Nessas crônicas há um escritor, que deveria corar de vergonha muito imortal da Academia Brasileira de Letras”.
Mércia Albuquerque, advogada eterna
     Não poderia deixar de ter verbete especial para Mércia Albuquerque, notável advogada de presos políticos pernambucanos durante o período da ditadura militar. “A doutora Mércia Albuquerque era um ser passional... Mércia, mal saída da universidade, resolveu defender Gregório Bezerra porque viu o comunista arrastado por uma corda por uma corda no pescoço em 1964, em Casa Forte”.
     O Dicionário retrata bem a figura de Mércia Albuquerque. Lembro que Fortaleza teve também a sua Mércia Albuquerque: a figura elegante da advogada Wanda Rita Othon Sidou. Ou Recife teve a sua doutora Wanda? Dá no mesmo. Branca, com cabelo negro e uma charmosa mecha grisalha, a doutora Wanda – que também já partiu – foi o anjo da guarda dos presos políticos cearenses.
Ariano Suassuna
     No verbete sobre o Ariano Suassuna, Urariano Mota narra conversa que manteve com o autor de O Auto da Compadecida.
     “Um dia chegamos para entrevistá-lo, ao fim do horário de suas aulas na universidade. Isso foi há mais de quinze anos. Ele foi logo dizendo que tinha desistido da entrevista, acertada antes. Sentamo-nos então em um banco de  pedra, no pátio da Escola de Artes”.
     A conversa saiu melhor do que a cancelada entrevista formal. Ariano Suassuna falou sobre tudo. O autor do Dicionário Amoroso do Recife reconhece: “Por razões inesperadas, o que para um repórter é aquilo que não faz parte da agenda, não percebemos que a negação da entrevista era mentirosa”.
     Felizmente Urariano Mota reproduz no livro a “conversa-entrevista” de modo magistral. Que o leitor procure no livro. Não vou contar aqui.
Bar Savoy
     “Ele ficava na Avenida Guararapes, número 147”. Foi o primeiro bar do Recife no afeto, e podemos até dizer, o primeiro sem segundo. A memória desse bar deveria ser retida por todo pernambucano de origem ou formação.
“Nele passaram geração de intelectuais, escritores e artistas que honrariam qualquer cidade do mundo. Os broncos lembram logo os nomes de Sartre e Rosselini, que um dia foram às mesas do Savoy no Recife. Mas com todo o respeito e débito ao filósofo e ao cineasta, não digo que passaríamos bem sem eles – o nosso espírito rude e selvagem jamais chegaria a tanto – mas digo que Sartre e outros apenas se somaram a esta, vá lá, com o devido perdão da palavra, a esta plêiade: Aloísio Magalhães, Osman Lins, Ascenso Ferreira, Hermilo Borba Filho, Ariano Suassuna, Capiba, Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rego Monteiro, Abelardo da Hora, Francisco Brennand, Mauro Mota, João Cabral, Gilberto Freyre... e para o  gosto particular do Savoy e dos recifenses mais líricos, a sua maior estrela: o peso pluma Carlos Pena Filho”.
Nelson Rodrigues
     “O recifense Nelson Rodrigues, desde o nascimento em uma sexta 23 de agosto de 1912, atravessou muitas vidas e rostos. E contradições das mais diversas, entre elas até sua origem de nascimento e natureza. Por exemplo, já aqui  escrevemos recifense, e nisso não houve qualquer despropósito para um escritor tido tantas vezes como carioca. Pois falam sempre de Nelson como um escritor do Rio pelos temas e formação, quando nada falam por haver chegado aos 4 anos de idade à cidade do Rio de Janeiro”, relata o Dicionário Amoroso do Recife.
     Urariano Mota atribui – e fundamenta sua opinião --  “os delírios patológicos” dos personagens do grande dramaturgo brasileiro a “um certo tenebroso Pernambuco”, “à repressão sexual da Casa Grande de Pernambuco”.
     Vou parar por aqui, porque, empolgado, posso acabar não deixando nada para o leitor saborear. O Dicionário tem outros verbetes impressionantes, tais como: Clarice Lispector e o frevo; Final de Copa do Mundo; Frevo novo, jovem e arretado; Gente do Recife; Igrejas do Recife; Joaquim Nabuco, um profeta do Brasil; Kahal Zur Israel, a sinagoga das Américas; Mercado de Água Fria; Olinda abre o carnaval do Recife; Reginaldo Rossi, o rei dos sem rei; Teatro de Santa Isabel e muitos outros.

     São 338 páginas, em livro editado pelo Casarão do Verbo, com capa de Carlos Alberto Zitelli Júnior, e ilustrações de Leonardo Filho.    oraHoraH

domingo, 25 de janeiro de 2015

PRÊMIO VERDADEIRO MÁRIO LAGO SERÁ ENTREGUE NESTA SEGUNDA-FEIRA NO RIO


Ator, compositor, poeta e escritor Mário Lago
O Prêmio Verdadeiro Mário Lago será entregue nesta segunda-feira, às 20 horas, no Espaço Bip Bip, no Rio de Janeiro. Trata-se de resposta da família do ator e compositor à concessão do Troféu Mário Lago 2014 ao jornalista, editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional (Rede Globo), William Rede Bonner, no último dia 21 de dezembro.
A honraria vem sendo concedida pela Rede Globo desde 2001 e o primeiro homenageado foi o próprio Mário Lago, falecido em 30 de maio de 2002. O Troféu Mário Lago 2013 foi outorgado à atriz Fernanda Montenegro.
JN TENDENCIOSO
William Bonner destacou-se em 2014 pela extrema rispidez com que tratou a presidenta e então candidata à reeleição Dilma Rousseff, em entrevista no Jornal Nacional, destoando com o tratamento dispensado  a outros candidatos (as) no mesmo programa. A falta de modos do apresentador foi acompanhada pela jornalista Patrícia Poeta, colega de Bonner na apresentação do JN, que chegou a “abanar” o rosto da presidenta da República com as mãos.
Além disso, a cobertura do Jornal Nacional foi considerada pelos críticos da Rede Globo como excessivamente tendenciosa: implacável com a candidata do PT e muito benéfica a Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB).
O próprio William Bonner teve de anunciar, entre constrangido e pesaroso, a vitória de Dilma Rousseff no dia 26 de outubro de 2014, no segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, considerada uma das mais dramáticas e disputadas da história do País.
NOJO
Graça Lago: "JN é panfleto global"
"Meu pai, Mário Lago, merece respeito. Enojada e revoltada com a farsa que foi o Prêmio Mário Lago 2014. Com a audiência do JN despencando, o premiado foi o editor geral do panfleto global. E tome elogios ao jornalismo da Globo, à "ética, lisura e imparcialidade" do JN, à maneira "firme, mas respeitosa" como Bonner conduziu as entrevistas com os presidenciáveis, ao serviço prestado pelo JN à moralização do país... E tome pau nas redes sociais "instrumentalizadas pelos partidos" para atacar a globo e seu jornalismo. Nojo. Lá no infinito papai e mamãe devem ter ficado muito revoltados. E atenção, Rede Globo, não sou instrumentalizada por ninguém ou por nada. Sei pensar, refletir, fazer escolhas, opinar, me posicionar", escreveu Graça em seu perfil no Facebook, no último dia 25 de dezembro. Graça Lago tem recebido, desde então, diversas manifestações de solidariedade. Choveram pedidos de amizade no seu perfil no Facebook.
PRÊMIO VERDADEIRO
Graça Lago, filha do grande ator, poeta e compositor Mário Lago, anunciou ontem, sábado (24/1) no Facebook: “E nasceu! No próximo dia 26 de janeiro, no espaço etílico democrático do Bip Bip, vamos anunciar o prêmio desagravo VERDADEIRO MÁRIO LAGO. O grande júri, composto por Paulo Cesar Figueiredo, Marcio Brant, Mario Filho Lago Mario e eu (Graça Lago), teve algumas dúvidas tão excepcionais foram as indicações - os blogs progressistas, Aldir Blanc e. ... a ganhadora.
Carioca, sambista, botafoguense, mangueirense, cantora da primeira linha, militante das causas democráticas e populares, guerreira, ela foi a grande escolhida.
Em honra da memória de Mário Lago, o prêmio irá para.Mais detalhes, no dia 26 de janeiro, às 8 da noite, no Bip Bip”.
Graça Lago faz mistério, mas pelo perfil que ela descreve, não é difícil deduzir que a homenagem será entregue à cantora e sambista Beth Carvalho.
ESPAÇO BIP BIP
O Espaço Bip Bip, localizado na rua Almirante Gonçalves, nº 50, em Copacabana, é considerado o símbolo da cultura e da esquerda carioca: Sobre o point, diz Luísa Côrtes, em reportagem no jornal “Brasil de Fato”: “Diariamente é possível ouvir o melhor do samba, choro e bossa-nova, em uma roda democrática, em que os músicos sentam ao redor da mesa e os frequentadores colaboram fazendo o coro das canções.
Já para quem deseja conversar, o próprio Alfredinho recomenda o bar da frente. “Aqui a prioridade é a música, todos tocam sem receber cachê, pagando sua própria cerveja, o mínimo que devemos é respeitar e fazer silêncio”, costuma pedir em seus famosos “esporros”, que já viraram aplicativo em redes sociais”.
MÁRIO LAGO, MILITANTE COMUNISTA
Filho do maestro Antônio Lago e de Francisca Maria Vicencia Croccia Lago, e neto do anarquista e flautista italiano Giuseppe Croccia, formou-se em Direito pela Universidad do Brasil, em 1933, tendo nesta época se tornado marxista. A opção pelas idéias comunistas fizeram com que fosse preso em sete ocasiões:1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969.
Foi casado com Zeli, filha do militante comunista Henrique Cordeiro, que conhecera numa manifestação política, até a morte dela em 1997. O casal teve cinco filhos: Antônio Henrique, Graça Maria, Mário Lago Filho, Luís Carlos (em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes) e Vanda.
Torcedor do Fluminense Football Club, chegou a declarar, na época do primeiro rebaixamento do clube, que a virada de mesa em favor do tricolor carioca havia sido uma atitude vergonhosa de todos os responsáveis, envolvidos no esquema. Ele afirmava veementemente, que o time deveria ter voltado à divisão de elite do Campeonato Brasileiro no campo, e não no tapetão.
CARREIRA ARTÍSTICA
Começou pela poesia, e teve seu primeiro poema publicado aos 15 anos. Formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais na década de 30, na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde iniciou sua militância política no Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, então fortemente influenciado pelo Partido Comunista do Brasill, PCB. Durante a década de 1930, a então principal Faculdade de Direito da capital da República era um celeiro de arte aliada à política, onde estudaram Lago e seus contemporâneos Carlos Lacerda, Jorge Amado, Lamartine Babo entre outros.
Depois de formado, exerceu a profissão de advogado por apenas alguns meses.  Envolveu-se com o teatro de revista, escrevendo, compondo e atuando. Sua estreia como letrista de música popular foi com Menina, eu sei de uma coisa, parceria com Custódio Mesquita, gravada em 1935 por Mário Reis. Três anos depois, Orlando Silva realizou a famosa gravação de Nada além, da mesma dupla de autores.
Suas composições mais famosas são Ai que saudades da Amélia, Atire a primeira pedra, ambas em parceria com Ataulfo Alves; É tão gostoso, seu moço, com Chocolate, Número um, com Benedito Lacerda, o samba Fracasso e a marcha carnavalesca Aurora, em parceria com Roberto Roberti, que ficou consagrada na interpretação de Carmen Miranda.
Em Amélia, a descrição daquela mulher idealizada, ficou tão popular que Amélia tornou-se sinônimo de mulher submissa, resignada e dedicada aos trabalhos domésticos.
Na Rádio Nacional, Mário Lago foi ator de Rádio, ele atuou na radionovela, especial da Semana Santa em 27 de Março de 1959: A Vida de Nosso Senhor jesus Cristo, interpretando Herodes, e também roteirista, escrevendo a radionovela Presídio de Mulheres. Mas só ficou conhecido do grande público mais tarde, pela televisão, quando passou a atuar em novelas da Rede Globo, como Selva de Pedra, O Casarão, Nina, Elas por Elas e Barriga de Aluguel, entre outras. Também atuou em peças de teatro e filmes, como Terra em Transe, de Glauber Rocha.
Mário esteve na União Soviética. Mas os programas radiofônicos produzidos no Brasil, que Mário mostrou aos soviéticos, foram por eles qualificados de "burgueses" e "decadentes". A avaliação que Mário Lago fez da União Soviética também não foi das melhores. Ali, segundo ele, a produção cultural sofria pelo excesso de gravidade e autoritarismo. Apesar da decepção com a experiência soviética, Mário Lago jamais abandonou a militância política. 4
Em 1964, foi um dos nomes a encabeçar a lista dos que tiveram seus direitos políticos cassados pelo regime militar, e perdeu suas funções na Rádio Nacional.1
Durante a segunda metade da década de 1960, Mário Lago passou a aparecer com frequência no cinema, participando com atuações marcantes em filmes importantes como O Padre e a MoçaOs Herdeiros e Pedro Diabo Ama Rosa Meia-Noite. Na década de 1970, iniciou uma carreira de sucesso como ator de telenovelas, com destaque para Cavalo de Aço e O Casarão.
Em 1989, ligou-se ao Partido dos Trabalhadores e atuou como âncora dos programas eleitorais do então candidato do partido, Luís Inácio Lula da Silva, à presidência da República, em 1998.
Autor dos livros Chico Nunes das Alagoas (1975), Na Rolança do Tempo (1976), Bagaço de Beira-Estrada (1977) e Meia Porção de Sarapatel (1986), foi biografado em 1998 por Mônica Velloso na obra: Mário Lago: boêmia e política.
No carnaval de 2001, Mário Lago foi tema do desfile da escola de samba Acadêmicos de Santa Cruz.
Em dezembro de 2001, recebeu uma homenagem especial por sua carreira durante a entrega do Melhores do Ano do Domingão do Faustão, que, no ano seguinte, ganharia o nome de Troféu Mário Lago, sendo anualmente concedido aos grandes nomes da teledramaturgia.
Em janeiro de 2002, o presidente da Câmara, Aécio Neves, foi à sua residência no Rio para lhe entregar, solenemente, a Ordem do Mérito Parlamentar. Na sua última entrevista ao Jornal do Brasil, Mário revelou que estava escrevendo sua própria biografia. Estava certo de que chegaria aos 100 anos, dizia Mário, "Fiz um acordo com o tempo. Nem ele me persegue, nem eu fujo dele".
Morte
Morreu no dia 30 de maio de 2002, aos noventa anos de idade, em sua casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro, de enfisema pulmonar. Para o velório foi aberto o palco do Teatro João Caetano onde vivera importantes momentos de sua carreira de ator.1 Até o fim de sua vida manteve intensa atividade política e mesmo doente chegou a se engajar na campanha presidencial apoiando o então candidato Luís Inácio Lula da Silva. Por ter sido estudante do Colégio Pedro II da Unidade São Cristóvão, hoje em dia existe, em sua homenagem, dentro do colégio o Teatro Mário Lago, onde ali se faz apresentações culturais de todas as unidades do colégio desde teatro até apresentações dos corais das unidades. Encontra-se sepultado no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro. (Fonte da biografia: Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Lago)