quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Pedro Ney: engenheiro e humanista


No dia 5 de outubro último faleceu no Recife o engenheiro eletricista Pedro Ney da Silva Pereira. Cearense radicado na capital pernambucana, ele participou do empreendimento que mudou, há quase 49 anos, o perfil econômico de Fortaleza: a implantação da energia de Paulo Afonso, em 1965. Pedro Ney era, na época, diretor-técnico da Companhia de Energia Elétrica de Fortaleza, presidida pelo engenheiro Jesamar Leão. Pode-se dividir a história econômica do Ceará em antes e depois de Paulo Afonso. Fortaleza sofria com faltas de energia elétrica, o que inviabilizava o desenvolvimento industrial. Paulo Afonso significou marco no processo de desenvolvimento do Ceará. É necessário lembrar os nomes das autoridades que mais se empenharam em trazer a energia de Paulo Afonso ao CE: o presidente João Goulart, deposto pelo movimento militar de 1964; e o governador Virgílio Távora. A inauguração ocorreu em 1º de fevereiro de 1965, na Praça do Otávio Bonfim. O governador Virgílio Távora, no discurso proferido na solenidade, teve a coragem de citar o nome de João Goulart diante do general-presidente Castello Branco e autoridades presentes. Pedro Ney preocupou-se em orientar a população sobre os procedimentos a serem adotados durante a troca dos sistemas elétricos, através da ainda iniciante televisão (canal 2). Formado em Engenharia no Rio de Janeiro, com curso na Alemanha, era homem culto e preocupado com os problemas sociais do País. Era casado com a artista plástica Maria Ísis (Bidy) Brizeno Pereira. O casal teve as filhas Michele, residente na França; e Daniele, falecida.
Artigo publicado no Diário do Nordeste, edição de 16/11/13, seção Ideias (Opinião).