domingo, 4 de setembro de 2016

Francis Vale comenta livro de Galba Gomes e reafirma hegemonia do PCdoB no final dos anos 60 no CE

     O cineasta, compositor e advogado Francis Vale (foto), em mensagem (e-mail) enviada a este blog, faz comentário sobre o livro O Sonho é Realidade, escrito pelo odontólogo Galba Gomes.  e lançado em Fortaleza no último mês de julho. A publicação foi objeto de análise no Coluna da Hora em agosto passado e teve 569 visualizações.
     Francis concorda com o blogueiro sobre a omissão do autor no que se refere à hegemonia do PCdoB no movimento estudantil cearense no final dos anos 60. Destaca o início da organização do PCdoB no Ceará em 1965 (há exatamente 51 anos) e sua estruturação no movimento universitário a partir de 1966, trabalho que se estendeu ao movimento secundarista nos anos posteriores.
          Hegemonia
Eis a mensagem de Francis Vale: "Paulo, li seu comentário sobre o livro do Galba.Você tocou num ponto sobre o qual há uma omissão total por parte do autor e colaboradores: a hegemonia do PCdoB no movimento estudantil da época.
     Para entender aquela situação é preciso ir à questão política central. No final de 1965,quando resolvemos sair do PCB e organizar o PCdoB na UFC, houve uma longa discussão com críticas à política da esquerda antes do Golpe. Verificamos ( João de Paula, Pedro Albuquerque, Assis Aderaldo, Ozéas Duarte e Francis Vale) que a UNE e as UEEs estavam afastadas dos estudantes porque priorizavam palavras de ordem de caráter político geral e esqueciam os problemas específicos (falta de bebedouros, salas sucateadas, falta de vagas no Restaurante Universitário e nas Residências etc). 
     A partir dessa visão, passamos a ver que para mobilizar os estudantes para a luta política e ideológica seria necessário sensibilizá-los a partir de seus problemas mais diretos.Com a obtenção de pequenas vitórias íamos acumulando força para mobilizações maiores. A partir dessa nova visão, passamos a conquistar cargos nos diretórios e a ampliar nossa área de influência.
     Essa política de amplitude foi que possibilitou  a hegemonia que depois se estendeu ao movimento secundarista.

     Talvez isso explique o fato de aquele partido ( "com todos os erros, pecados e vícios") até hoje exercer influência no meio político cearense. Tanto que, em determinado momento, teve um senador, dois deputados federais, deputados estaduais e vereadores. Afinal, isso não surgiu do nada, mas da história de amplitude política ocorrida através dos anos. Ou teria outra explicação? Um abraço do Francis".