Mauri Melo
Paredões de som destruídos
O que o
prefeito Roberto Cláudio fizer de correto por Fortaleza eu estou disposto a
apoiá-lo. Em 2012, votei em Inácio Arruda (PCdoB) no primeiro turno, em Elmano de
Freitas (PT) na segunda etapa. Nunca me arrependi de ter feito essas opções. Ao
contrário, sinto-me muito honrado. Sou crítico da administração do atual gestor
de Fortaleza no que se refere à retirada de árvores das avenidas de Fortaleza e
ao sinistro plano de destruir a Praça Portugal, além do abandono que relegou o
Passeio Público, tão bem cuidado por sua antecessora Luizianne Lins. A velha
Praça dos Mártires volta agora a ser o que era em passado não muito distante:
local perigoso e inviável para passeios saudáveis.
O amigo Mariano Freitas, no entanto, chama-me
a atenção, no Facebook, para a destruição de 287 paredões de som pela
Prefeitura, fato noticiado pelo jornal O
Povo. Ô coisa boa! Quase três centenas dessa parafernália do meio dos
infernos haviam sido apreendidas em operações da Secretaria Municipal de
Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), informa OP. Seus proprietários, se fosse por
mim, deveriam estar presos sem direito à fiança, estavam dispostos a infernizar
o sossego dos fortalezenses no período de Carnaval. Canalhas!
Se não fosse
agnóstico, eu diria: deus me perdoe, mas desejaria ver um indivíduo sádico
desse preso durante 24 horas em um cubículo à prova de som (para proteger os
tímpanos de quem estivesse do lado externo) junto com um paredão adquirido pelo
transgressor ligado no volume máximo apenas com uma música sem nenhum intervalo:
a de pior qualidade entre a seleção de porcarias. Ele veria o que é bom para
tosse.
Observa-se
fato interessante: o gosto musical de um retardado mental desse é proporcional
ao volume do paredão que ele utiliza. Quanto mais alto, maior a quantidade de
dejetos “musicais”. Alguém, por acaso, já ouviu Adagio, de Tomaso Albinoni em
um paredão de som? A Nona Sinfonia de Beethoven? Os Noturnos de Chopin? Algum
dos Concertos de Brandenburgo de Johann Sebastian Bach? Nunca! O que se ouve
são “sucessos” de última hora (pseudoforrós, baianices e carioquices (funks) de
baixíssima qualidade). “Composições” de vida mais efêmera do que a de uma
mosca.
Por questão
de justiça, devo destacar o trabalho realizado, com muitos êxitos obtidos, pelo
então secretário de Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), Deodato Ramalho (2006
a 2007),
na gestão da
prefeita Luizianne Lins.
Porém, a
atual secretária de Urbanismo e Meio Ambiente Águeda Muniz, administração
Roberto Cláudio, já deu mostras de que não está disposta a transigir com o
abuso sonoro. Que continue essa boa vontade! A população de Fortaleza agradece.
Deixo
sugestão à eficiente secretária: que tal disciplinar o problema dos carrinhos
de mão bregas que circulam pelo Centro de Fortaleza a vender CDs piratas em
alto volume? Não me incomoda a questão da pirataria (muito complexo para a
Prefeitura tomar para si a questão), mas o abuso sonoro. O pessoal até que poderia vender os CDs, desde
que não os tocassem. Pedir para colocar em volume normal é malhar em ferro
frio. Que se apreendam as caixas de som!
A gestão
Roberto Cláudio encontrará incentivo em toda ação que fizer em benefício da
cidade. Mas o caminho não é retirar (ou cortar) árvores numa capital tão
necessitada de sombra, de verde, e muito menos destruir logradouros belíssimos
como a Praça Portugal.
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