domingo, 11 de março de 2012

Imbecil ameaça acervo do Museu

     
O Museu  do Ceará foi alvo, na tarde de sábado último (10/3), de abuso sonoro por parte de um indivíduo que estacionou o carro na Praça dos Leões e colocou o aparelho de som em volume máximo. Atordoou todas as imediações com música de péssimo gosto e, o pior, colocou em risco a integridade do acervo do museu. Algumas peças ali instaladas são de cristal ou  de porcelana fina, materiais sensíveis às vibrações sonoras.
   
O veículo estava parado bem atrás do Museu do Ceará, defronte ao restaurante Lion´s. O barulho dava para ser ouvido da Praça do Ferreira. Repertório musical de baixíssimo nível infernizou a vida dos transeuntes e visitantes do museu.Tal atentado causou espanto a turistas que por ali passavam. O barulho se prolongou durante horas seguidas.
  
O conjunto arquitetônico da área compreende locais históricos: o Museu do Ceará, sede da antiga Assembleia Legislativa, a própria Praça General Tibúrcio (ou Praça dos Leões, como é popularmente chamada), o prédio  do ex-Hotel Brasil (onde funciona, na parte de baixo o Restaurante Lion´s, no local do antigo restaurante do hotel) e a Academia Cearense de Letras, antigo Palácio da Luz, antiga sede do Poder Executivo estadual.
  
É lamentável que ato dessa natureza ocorra sem que nenhuma providência seja adotada por parte das autoridades municipais e estaduais.
                 

O Museu 
    A página do Museu do Ceará, no site da Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Ceará diz o seguinte:
    "O Museu do Ceará foi a primeira instituição museológica oficial do Estado, criada por decreto em 1932, mas aberto oficialmente ao público em janeiro de 1933, com a denominação de Museu Histórico do Ceará. Inicialmente foi concebido como uma das dependências do Arquivo Público, situado na rua 24 de Maio, nº 238, no centro de Fortaleza. No início de 1934, o Arquivo e o Museu foram transferidos para a Avenida Alberto Nepomuceno, nº 332, em frente à Praça da Sé. Hoje esses edifícios já não existem mais. Sua principal missão é promover a reflexão crítica sobre a História do Ceará por meio de programas integrados de pesquisas museológicas, exposições, cursos, publicações e práticas pedagógicas.
Em 1951, o Arquivo foi deslocado para as áreas térreas do Palacete Senador Alencar, onde funcionava a Assembléia Legislativa, e o Museu se manteve no edifício da Praça da Sé até 1957, sob a tutela do Instituto Histórico do Ceará, que se transferiu para o local. Tal iniciativa governamental tinha por finalidade dotar o Instituto de instalações mais adequadas para as suas atividades e também reestruturar o Museu. Reformas foram empreendidas e novas peças foram agregadas ao seu acervo - notadamente as das coleções indígenas do antigo Museu do Instituto (organizado em 1940 por Pompeu Sobrinho) e do Museu Rocha (compradas em 1953) - para a montagem de futuras exposições. As aquisições acabaram dando uma feição diferenciada à Instituição, que em 1955 reabre com nova denominação: Museu Histórico e Antropológico do Ceará.
No terreno onde estava instalado, o Governo Paulo Sarasate resolveu construir o Fórum Clóvis Beviláqua, transferindo o Museu para a Avenida Visconde do Cauype, nº 2341. Lá ficou até 1967, quando a Universidade Federal do Ceará solicitou a edificação para ampliar as dependências da Faculdade de Economia, prometendo em contrapartida um prédio na Rua Barão do Rio Branco, n. 410 (hoje sede do Instituto Histórico). O Museu ainda seria deslocado mais duas vezes: no ano de 1971, para a Avenida Barão de Studart, nº 410 (onde atualmente está o Museu da Imagem e do Som); e em 1990, para a Rua São Paulo, nº 51, onde ganhou o nome de Museu do Ceará e se mantêm até a presente data.
Ao longo desse percurso de mais de setenta anos de existência, o Museu do Ceará passou pelas mãos de vários administradores, saiu da tutela do Instituto Histórico e foi vinculado à Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (SECULT) em 1967. Hoje a Instituição se encontra num imóvel de significativo valor histórico, denominado Palacete Senador Alencar, idealizado originalmente para ser a Assembléia Provincial do Ceará, na época do Brasil-Império. Suas obras se iniciaram no ano de 1856 e foram concluídas em 1871, sendo tombado como Monumento Nacional pelo IPHAN em 28/02/1973. O edifício ainda mantém suas características arquitetônicas originais. Seu estilo neoclássico é expresso principalmente através das colunas, janelas e frontão triangular. Nas proximidades está o Palácio da Luz (atual Academia Cearense de Letras), a Igreja do Rosário e a Praça General Tibúrcio (mais conhecida como Praça dos Leões) Essas construções formam um importante conjunto arquitetônico da capital cearense, localizado numa área de grande densidade histórica e turística.
Adaptado para o funcionamento do museu, o imponente edifício, que em si mesmo já é uma peça museológica, abriga uma exposição de longa duração aberta em 1998 e espaços de exposições temporárias que percorrem vários temas da História do Ceará, o Memorial Frei Tito (aberto em 2002), a sala Paulo Freire (criada em 2001 para receber os visitantes e sediar seminários, cursos etc), a Reserva Técnica, a sala do Núcleo Educativo, a sala da administração e biblioteca.
O Museu do Ceará possui um acervo bastante variado, resultado de compras e, sobretudo, de doações de particulares e instituições públicas. Entre moedas e medalhas, há quadros, móveis, peças arqueológicas, artefatos indígenas, bandeiras e armas. Há também peças de “arte popular” e uma coleção de cordéis publicados entre 1940 e 2000 (950 exemplares). Alguns objetos se referem aos chamados “fatos históricos”, como a escravidão, o movimento abolicionista e movimentos literários, como a famosa “Padaria Espiritual”, que entrou para a História da Literatura Brasileira com especial destaque. Trata-se de um acervo com mais de sete mil peças, que atualmente é trabalhado como veículo de reflexão sobre a Historia local integrada à História do Ceará, em seus aspectos culturais, econômicos e sociais. Muitas peças estão em exposição, organizadas em salas temáticas.
Além de concentrar um dos maiores e mais importantes acervos do Estado, o Museu do Ceará promove cursos, oficinas, palestras e publicações na área de museologia e História, visitas orientadas e capacitação para professores, destacando-se como um núcleo de ações educativas em parceria com a Universidade Federal do Ceará. Sua política cultural está consoante com os princípios da pedagogia de Paulo Freire. Tal projeto de atuação procura atender ao público diversificado que vai ao Museu: pesquisadores, estudantes da educação básica e superior, visitantes de Fortaleza e turistas do Ceará, do Brasil e de outros países. Especial atenção é dada ao trabalho com as visitas orientadas.
Com base na atual Política Nacional de Museus, a Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, por meio do Museu do Ceará, passou a coordenar a criação e o funcionamento do Sistema Estadual de Museus, ampliando as referidas atividades que atualmente desenvolve, a fim de contribuir também para a qualificação dos profissionais dos espaços museológicos do Ceará.
Todas as atividades mencionadas vêm consolidando o Museu do Ceará como um significativo espaço de educação, cultura e lazer, tal como se entende nos fundamentos científicos e éticos da museologia contemporânea, transformando-se numa referência regional."

Mais informações podem ser obtidas no link:

terça-feira, 6 de março de 2012

José Marcolino, o parceiro esquecido de Luiz Gonzaga

          O paraibano José Marcolino, ou Zé Marcolino, é o grande parceiro esquecido de Luiz Gonzaga. Todo  mundo fala em Humberto Teixeira e Zé Dantas. Poucos se lembram de Marcolino. No entanto, ele é tão bom, acho até melhor, do que os outros dois. Quem já ouviu Fazenda Cacimba Nova, Cantiga de Vem-Vem e Numa Sala de Reboco? São composições de Zé Marcolino, entre muitas outras. Era um grande poeta. Detalhe interessante: do trio - Humberto Teixeira, Zé Dantas e Zé Marcolino - o terceiro era o único que não tinha formação superior. Humberto Teixeira era advogado, Zé Dantas, médico. Marcolino era APENAS poeta. Outra curiosidade: suas composições eram as que tinham menos erros de português. Fazenda Cacimba Nova não tem nenhum erro!
          Por favor, não me interpretem mal. Não estou a dizer que Humberto Teixeira e Zé Dantas não sabiam escrever. Eles erravam de propósito, para imitar o linguajar do matuto nordestino: "inté" em vez de "até", "véve" em vez de "vive" , "muié" em vez de mulher. Acho que os dois até exageravam nos erros. Zé Marcolino era mais natural. "Errava" no momento certo.
          Marcolino era também o mais novo  dos três. Morreu precocemente, em  1987, aos 57 anos. Se vivo fosse, completaria 82 anos em 20 de setembro deste ano.
          Quero lembrar que sou cearense de Fortaleza. Não sou paraibano. Mas acho Zé Marcolino o melhor parceiro de Luiz Gonzaga, com todo o respeito e admiração por Humberto Teixeira (cearense) e Zé Dantas (pernambucano).

"Cantiga de Vem-Vem", letra de Zé Marcolino, cantada por Luiz Gonzaga

http://www.youtube.com/watch?v=hmkUISFwfPA

segunda-feira, 5 de março de 2012

Fortaleza no "Pêndulo de Foucault"

                                                                    Umberto Eco

                                                                                                                   
Fortaleza é citada no livro O Pêndulo de Foucault, do escritor italiano Umberto Eco. Na página  210 do primeiro volume, publicado no Brasil pelas editoras Record/Altaya, na coleção  Mestres da Literatura Contemporânea, o personagem principal narra: "Eu tinha voltado do Brasil  sem saber  mais quem era. Estava agora  aproximando-me dos trinta anos. Naquela idade, meu pai já era pai, sabia quem era e onde vivia. Estivera distante do meu país, no  momento em  que nele aconteciam grandes fatos, e tinha vivido num universo cheio de absurdos, onde até  mesmo os acontecimentos italianos chegavam aureolados de lenda. Pouco  antes de deixar o outro  hemisfério, enquanto  concluía minha permanência aí concedendo-me uma viagem aérea sobre a Amazônia, caiu-me entre as mãos um jornal brasileiro, embarcado durante um pouso em Fortaleza. Na primeira página destaca-se a foto de alguém que eu conhecia, por tê-lo visto  tomando seus aperitivos anos e anos no Pilades. A legenda dizia: 'O homem que matou Moro''"

                   
                          Livro de Umberto Eco                           Aldo Moro, morto em 1978


Aldo Moro, primeiro-ministro italiano, democrata-cristão, foi assassinado em 9 de maio de 1978, pelo grupo ultra-esquerdista Brigadas Vermelhas.  Fala-se ainda hoje que a CIA teria interesse na morte de Aldo Moro, porque o líder político italiano, pouco antes do sequestro e assassinato,  estava a concluir acordo com os comunistas para formação de novo governo italiano. Algum infiltrado teria levado as Brigadas Vermelhas a praticar o  crime? A dúvida fica no ar...