terça-feira, 30 de maio de 2017

Viagem por quem sabe amar uma cidade, diz Mapurunga sobre o Dicionário Amoroso do Recife, de Urariano Mota

O escritor, poeta e dramaturgo cearense José Mapurunga fez, a pedido deste blog, comentário sobre o livro Dicionário Amoroso do Recife, de autoria do escritor e jornalista pernambucano Urariano Mota.
     José Mapurunga é autor de mais de 20 peças teatrais, entre as quais Farsa da Panelada, Auto da Camisinha e Auto do Rei Leal. A Farsa do Panelada foi premiada no 2º Concurso Nacional de Dramaturgia - Prêmio Carlos Carvalho, da Prefeitura de Porto Alegre (RS). Recentemente lançou o livro Roteiro Sentimental de Viçosa do Ceará, em Fortaleza e na própria Viçosa, terra natal do autor.
O pernambucano Urariano Mota é autor do livro Soledad no Recife, onde narra os últimos dias de Soledad Barreett, mulher do cabo Anselmo, entregue pelo dedo-duro à repressão e assassinada. Seu último livro é O Filho Renegado de Deus, primeiro lugar no prêmio Guavira de Literatura 2014.
Eis o comentário de Mapurunga sobre o livro de Urariano Mota,
      
    Recife, cidade das maravilhas
             José Mapurunga

     Chegou às minhas mãos, emprestado pelo Paulo Verlaine, o Dicionário Amoroso do Recife, de autoria do escritor e jornalista Urariano Mota. Não houve verbete que deixei de ler. Na excelente prosa do autor, fiz uma viagem ao Recife profundo, a uma cidade de maravilhas, talvez perceptíveis apenas por quem sabe amá-la, e/ou porque quem sabe desfrutar o prazer de morar em uma cidade: ou ganham a vida ou frequentam os mercados públicos tradicionais, repletos de presença de espírito; os que se dedicam à arte, como o fotógrafo guiado pelo instinto, ou o escultor que criou para si um mundo ideal, ou o gênio rebelde do violão, ou os poetas para quem o que mais importa é a poesia, como aquele, de nome Valmir Jordão, que pede em versos para que não culpem às putas pelo comportamento nefasto dos filhos. Um Recife de frevo, de foliões famosos e anônimos, talvez o melhor carnaval do mundo, certamente sim para os que o brincam. No mais, a cidade com seus heróis populares pouco reconhecidos, mas realmente heróis.
     Points que os turistas tanto gostam são pouco citados no livro, no entanto o autor, de forma amorosa, homenageia o bairro Zumbi, além de festejar botequins, teatros, igrejas barrocas, bem como a sinagoga que dizem ser a mais antiga das Américas, e o Terreiro do Pai Adão, consagrado a Xangô, em funcionamento desde 1875. No Recife amoroso de Urariano, celebridades como Gilberto Freire, Joaquim Nabuco, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Ariano Suassuna e Reginaldo Rossi dividem páginas com outras pessoas caríssimas ao coração da cidade.



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segunda-feira, 1 de maio de 2017

Mapurunga lança livro e recebe homenagem em Viçosa do Ceará

O lançamento do livro Roteiro Sentimental de Viçosa do Ceará, do escritor José Mapurunga, transformou-se também em homenagem ao autor na sua terra natal, graças à iniciativa do secretário municipal Aníbal José Sousa (Cultura e Meio Ambiente), com apoio do prefeito Firmino Arruda, de Viçosa do Ceará.
O Teatro Pedro II, local do lançamento-homenagem, viveu, a partir das 20 horas de sábado último (29/4), momento de muita emoção, em acontecimento que reuniu autoridades, escritores, historiadores, parentes e amigos de José Mapurunga. A secretária de Educação Andrea Ribeiro representou o prefeito Firmino Arruda na solenidade.
     Na abertura, o secretário Aníbal José Sousa ressaltou a importância do evento, enalteceu a carreira literária do autor e o trabalho de pesquisa histórica e resgate sentimental do livro. Declarou que o lançamento poderá dar início a outros atos culturais no histórico Teatro Pedro II e conclamou a comunidade viçosense a prestigiar aquele espaço de valor histórico, cultural e sentimental.
A professora Teresa Cristina Mapurunga Miranda Magalhães, prima do autor, também se referiu à trajetória literária de José Mapurunga, escritor e dramaturgo reconhecido nacional e internacionalmente (a peça teatral O Auto do Panelada foi encenada em Maputo, capital de Moçambique), ao mesmo tempo em que destacou a ligação sentimental do escritor com sua terra natal.
     A apresentação oficial de Roteiro Sentimental de Viçosa do Ceará esteve a cargo de Tiago Peres Reial que mencionou vários trechos do livro, destacando aspectos históricos, culturais, geográficos, sociais e curiosidades (lendas e narrativas populares) do município apresentados, no livro, em ordem alfabética.
HOMENAGEM A ZÉ MÚSICO
     Momento especial foi a dupla homenagem prestada a Mapurunga e a José Alves Ferreira, o Zé Músico, notável seresteiro e violonista de Viçosa do Ceará, já falecido, a quem é dedicado um capítulo do livro.  Mairton e Francimário Ferreira, filhos de Zé Músico, também instrumentistas, compareceram à festa literária no Teatro Pedro II, com outros colegas. Na ocasião, apresentaram números musicais para a plateia.
     Heloísa Mapurunga, outra prima do escritor, cantou, no palco, acompanhada pelos músicos, dois verdadeiros hinos viçosenses: uma marchinha carnavalesca, de autoria de José Mapurunga, sucesso durante vários anos nos bailes carnavalescos da cidade; e a canção Saudade, sempre cantada por Zé Músico nas serenatas que começavam embaixo da estátua de Clóvis Beviláqua, na Praça da Matriz, narrada no Roteiro Sentimental de Viçosa do Ceará. A música, gravada inicialmente em ritmo de valsa pelo paulista Jayme Redondo no ano de 1929 foi adaptada posteriormente para um estilo mais alegre, transformando-se em samba. Era nesse último ritmo que Jayme Redondo a cantava.
     A secretária de Educação Andrea Ribeiro fez uso da palavra e disse de sua grande alegria de desempenhar a missão de representar o prefeito Firmino Arruda na solenidade, ela, que também é prima do escritor e homenageado. Ela recebeu, na ocasião, o livro das mãos de José Mapurunga.
      O historiador Gilton Barreto, autor do livro Viçosa do Ceará Sob Um Olhar Histórico, fez aprofundada análise de Roteiro Sentimental de Viçosa do Ceará, contribuindo para abrilhantar a noite de sábado último no Teatro Pedro II.
No final, um coquetel foi servido aos presentes no pátio do teatro.