Na reta final do segundo turno da eleição
municipal é hora de reflexão. Eleitor de Luizianne Lins (PT), eu agora começo a
questionar até a necessidade da candidatura petista na primeira etapa da
campanha. Vamos aos fatos e ponderações.
Antes de entrar no mérito da questão,
esclareço dois pontos importantes:
1º - Estou a fazer essas considerações na
condição de cidadão e de eleitor. Coloco-as em discussão para o chamado pensamento progressista de Fortaleza,
responsável por grandes campanhas de candidaturas populares em passado distante
(não tão longínquo no que se refere à História), outros ainda próximos para
quem tem mais de 50 anos e alguns bem recentes para todas as gerações.
2º - Sou eleitor de Luizianne Lins (primeiro
turno em 2016), no segundo turno em 2004 (no primeiro turno votei, com muita
honra em Inácio Arruda, do PCdoB) e, no turno único em 2008. Em
2012, votei em Elmano Freitas, candidato de Luizianne, no segundo turno. No
primeiro turno, votei, repito, com muita honra, em Inácio Arruda.
Em suas duas administrações, Luizianne
Lins preocupou-se com o bem-estar (saúde e educação) da população da periferia e
melhorou, em muito, o padrão das escolas municipais. São fatos incontestáveis.
Agora, no segundo turno, é preciso refletir,
de cabeça fria. Estamos hoje em cenário dos mais difíceis, tenebrosos e adversos para as forças progressistas.
Entre estas se incluem: esquerdistas, democratas autênticos, patriotas, democratas
trabalhistas e defensores do Estado Democrático de Direito e da soberania do
Brasil (nem todos e todas a favor das bandeiras da esquerda). O resultado do
primeiro turno demonstrou: o bombardeio midiático incessante intensificado
desde 2014 alcançou êxito em determinadas camadas populares. Os resultados
(fatos) estão aí para quem quiser constatar..
Sem rodeios e sem panos mornos, o que se vê após os resultados do primeiro
turno na maioria das capitais brasileiras? O risco de legitimação – pelo voto
popular – do golpe mais covarde, indigno, cínico e antipopular praticado na
história da República brasileira. Mais do que nunca é hora da união das forças
anti-golpistas e populares.
No caso específico de Fortaleza,
deparamo-nos com as seguintes candidaturas no segundo turno:
Roberto Cláudio (PDT), atual prefeito de
Fortaleza, apoiado pelo grupo dos Ferreira Gomes, cujos expoentes máximos são
os ex-governadores Ciro e Cid Gomes. Os Ferreira Gomes, não obstante todo o
mandonismo e inúmeros defeitos, se colocaram na linha de frente na defesa do
mandato da presidenta Dilma usurpado pelos golpistas. Têm-se mantido em oposição
radical ao governo Michel Temer. O prefeito Roberto Cláudio também se posicionou
a favor da presidenta Dilma e contra o golpe. Enquanto isso, o candidato a vice-prefeito
de Roberto Cláudio, o deputado federal Moroni Torgan (DEM) votou a favor do
golpe, além de ser conhecido pelo discurso truculento.
Mas, é preciso que se diga, contrariando orientação do DEM, Moroni ausentou-se,
do plenário da Câmara dos Deputados, nas duas votações da PEC 241 (Proposta de Emenda Constitucional), que encolhe o Brasil, dá marcha ré ao País por 20 anos
e castiga as camadas populares de uma forma jamais ousada pela ditadura militar.
Mas, quem está do outro lado? Capitão Wagner, pela coligação PMDB/PR/PSDB/SD,
candidato a Prefeito. Sabemos que, por trás desse conluio, está o que há de
pior na política cearense: senador Eunicio Oliveira (PMDB), golpista milionário (com
agravante: golpista traíra, vira-casaca, trânsfuga), político praticante do
seguinte slogan: tenho dinheiro e compro tudo. Além disso, proprietário de
grandes empresas de segurança. Esse homem vai querer uma Fortaleza segura e
perder clientes ricaços? Senador Tasso
Jereissati (PSDB), golpista de primeira hora, plutocrata sempre disposto a
votar contra os interesses do povo. Os demais partidos representam a escória do
lixo golpista, a começar pelo partido do capitão Wagner: PR (o ex-presidente
deste partido, Alfredo Nascimento, votou a favor do golpe por ter sido afastado por corrupção do Ministério dos Transporte pela presidenta Dilma Rousseff);
Solidariedade: este é presidido por Paulo Pereira da Silva, o famigerado
Paulinho da Força. O nome dispensa comentários, mas só lembrando: ele já foi
condenado na Justiça por improbidade administrativa e é réu no STF acusado de
desviar dinheiro do BNDES.
Mas voltemos ao primeiro turno, hoje
percebo o erro da candidatura de Luizianne Lins e faço as seguintes indagações:
a ex-prefeita agiu por vaidade pessoal? Ou a candidatura foi movida apenas pelo
rancor contra os Ferreira Gomes? São pontos que coloco em discussão. Lembro que
foi oferecida à tendência petista comandada por Luizianne Lins a candidatura a
vice-prefeito na chapa de Roberto Cláudio. Se o convite tivesse sido aceito não
existiria a candidatura de Moroni Torgan e as forças anti-golpistas estariam
unidas em Fortaleza.
O isolamento do PT no primeiro turno prejudicou
bastante o partido na eleição proporcional: os petistas elegeram apenas dois
vereadores. Poderia ter elegido três – ou até quatro representantes municipais –
se tivesse feito uma coligação.
Ressalte-se, a bem da verdade, que não foi
apenas o PT o prejudicado nas eleições proporcionais. O PCdoB entrou numa
esdrúxula coligação com o DEM e o PSD, elegendo apenas um vereador. Mesmo com a
opção pela coligação majoritária (a prefeito) com Roberto Cláudio, se, para a
Câmara Municipal, esta tivesse ocorrido com o PT, os resultados, com certeza,
teriam sido melhores para os dois partidos.
Na reta final da campanha do segundo turno
surge movimento a pregar voto nulo. Essa decisão não beneficia Fortaleza. Votar
nulo no segundo turno é prestar favor ao capitão Wagner e às forças
obscurantistas e repressoras que se aglutinam em torno dele.
A
saída, para o eleitorado progressista, é o voto em Roberto Cláudio.
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